sábado, 11 de abril de 2015

Você nunca irá para o espaço.


    Já parou para pensar que você provavelmente nunca irá para o espaço? Que você nunca vai sair da Terra e observar o nosso planeta azul "brilhando" no meio da imensidão do universo, ou experimentar correr e pular na gravidade-quase-zero do nosso satélite esburacado? Que não vai explorar e se aventurar por novos mundos, vivenciar diferentes paisagens, até então desconhecidas pela humanidade, por estar preso nessa gigante esfera rochosa? Astrônomos dizem ser impossível para a mente humana conhecer e aprender a infinidade do universo. Mas a grande maioria de nós nem chegará a conhecer o que existe fora da Terra.
   Há mais ou menos 50 anos atrás, desde que Yuri Gagarin tornou-se o primeiro homem a atingir o espaço, aproximadamente 500 pessoas já deixaram a Terra. Quinhentas pessoas de 7.000.000.000! Existem mais bilionários do que isso, aliás, mais do que o triplo para ser mais exato. Tendo isso em mente, a probabilidade de você deixar a terra (a menos que você seja um astronauta) no decorrer de sua vida é incrivelmente pequena. Menor ainda se você vive num país que não possui um programa espacial (o Brasil praticamente não tem) e ainda menor se você não possui ensino superior (~90% dos brasileiros). Ela só aumenta um pouco se você tiver a condição de pagar por uma viagem comercial ao espaço quando ela estiver disponível, se é que um dia estará. Uma viagem para fora da Terra deverá ser tão cara que eu não acredito que será acessível para a maior parte da população dentro de cem anos. Para tomar como exemplo, um vôo para simular gravidade zero já existe e está na faixa dos R$15.000,00 (Go Zero-G). Ora, creio que pelo menos metade da população mundial nem sequer viajou de avião (50% da humanidade vive com menos de R$240,00 por mês - ou 6 reais por dia). Então não, eu não acredito que o número de pessoas que já estiveram fora da Terra aumente muito nas próximas décadas. Talvez triplique, quadruplique ou até se multiplique por 100. Ainda sim será um número muito pequeno se comparado com o resto da população.
    Mas deixando de lado todo esse astrophe ("ástrofe"), não é porque nunca sairemos da atmosfera terrestre que não possamos nos aventurar pelos mais variados cantos do planeta. E para ser sincero, por mais que eu não desperdiçaria uma oportunidade de ir para o espaço, eu acho que seria mais interessante fazer uma viagem por todo o globo, porque a Terra tem algo que o resto do universo não tem: gente. Qualquer pessoa que viaje para outros países a fim de conhecer as maravilhas e as mais fantásticas paisagens que eles oferecem deveria também conhecer as culturas locais. Se vai para o Himalaia, conheça o povo Tibetano e seus magníficos templos. Se vai para as maravilhosas praias das ilhas do pacífico, conheça as tradições dos povos Oceânicos. Os seres humanos são com certeza uma das mais complexas características do nosso planeta. Somos todos partes de uma mesma espécie, e mesmo assim somos todos tão diferentes uns dos outros. E não digo etnicamente (fisicamente), mas nos variamos principalmente quanto às nossas culturas. Tudo bem que por causa da globalização, nossas culturas estão ficando cada vez mais similares. Não que isso seja bom ou ruim, mas é definitivamente muito interessante "ver"a diversidade da espécie humana.
    Falando em globalização, se você mora na cidade ou em algum país desenvolvido, alguma vez já percebeu que faz parte de um grupo um tanto privilegiado dentro da sociedade global? Apenas 20% das pessoas do mundo vivem com mais de 30 reais por dia, como disse anteriormente, e metade da população mundial vive na área rural. Depois que reparei nisso, pensei: Será que essa globalização da qual muitos dizem ser benéfica já atingiu a vida da maioria das pessoas? Se você mora em cidade grande, talvez não perceba, mas grande parte do território brasileiro é habitado por pessoas que ainda não têm acesso a novas tecnologias. Principalmente no interior das regiões Norte e Nordeste, as quais compõem mais da metade do território nacional. Em grandes áreas da África Subsaariana e em vastas regiões da Ásia central não se vê muita diferença entre o modo de vida das pessoas 50 anos atrás e o de hoje. Acho que é otimista (ou pessimista, dependendo do seu ponto de vista) demais dizer que hoje vivemos num mundo globalizado, porque apesar da economia ser globalizada, não necessariamente a sociedade também é. Lembre-se de que a globalização ainda é um fenômeno relativamente recente e que suas consequências afetam primordialmente as áreas urbanas dos países, razão pela qual mais de um terço da população mundial ainda mal aproveita das vantagens da globalização.
    A globalização pode até ser um evento inevitável, mas dentro de países desenvolvidos (e globalizados) existem aquelas pessoas que a recusam, evitando o uso e o contato com novas tecnologias, a exemplo dos Amish nos EUA e do povo Roma (foto acima), popularmente chamados de "ciganos". Mas quem sabe a globalização acabe por se tonar um evento benéfico para a humanidade? Se uma população unida permite o avanço de uma sociedade, talvez a população unida permita o avanço da sociedade, e consequentemente, a conquista do espaço.

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